Dizer que que os encargos tributários no nosso País são pesados é chover no molhado. Além de financeiramente onerosos, temos também uma grande quantidade de obrigações acessórias com fim fiscalizatório. Isso quer dizer que além de pagarmos muito, demoramos demais (e gastamos mais dinheiro ainda no processo) só para determinar o quanto devemos pagar de impostos. Junte isto a uma operação que lida com milhões de fatos geradores e temos um cenário extremamente desafiador.
Esta é a realidade do setor de telecomunicações em nosso país. Em nosso mundo moderno não há dúvidas de que o setor de telecomunicações se tornou um pilar da economia, já que nossa vida em sociedade hoje praticamente depende dos serviços de telecomunicações para funcionar. Para se ter uma ideia, havia no Brasil em 2006 cerca de 99 milhões de linhas de celular. Este número simplesmente triplicou na última década: hoje, há mais de um celular por pessoa no Brasil.
Como se não bastassem os desafios ligados à telefonia, temos ainda o acesso à internet. Em 2015 metade da população brasileira tinha acesso à Internet por qualquer dispositivo. Quase todas as 30 milhões de residências que têm conexão à internet – mais de 97% – estão conectadas via banda larga. Esta realidade parece estar a anos luz da década de 90 e início dos anos 2000, época na qual praticamente todo o acesso era via linha discada. Isto representa outro desafio para o setor, exigindo que uma infraestrutura totalmente nova seja instalada e mantida para atender à crescente demanda.
Fora isto, todo um arcabouço regulatório começa a nascer para tutelar as relações entre provedores e consumidores destes novos serviços: marco civil, novas demandas da ANATEL e, como sempre, novas obrigações acessórias para garantir a arrecadação estatal surgem a cada dia. Com volumes de dados colossais envolvidos é imprescindível que as ferramentas envolvidas no atendimento a estas obrigações sejam rápidas, seguras e fáceis de usar.
Há janelas cada vez mais curtas para o processamento desta montanha de dados que não para de crescer. O cumprimento de obrigações tributárias acessórias é especialmente sensível e é aqui que talvez resida o maior desafio para os provedores de softwares tributários.
O big data é a palavra da moda. Nada ilustra melhor este conceito do que a avalanche de dados brutos gerados nas empresas de telecomunicações. A performance é um ponto crítico, muitas vezes impeditivo para os softwares fiscais envolvidos. Soluções de computação paralela e dados in-memory vêm se mostrando eficazes para lidar com o desafio de trabalhar com volumes que até alguns anos atrás pareciam coisa de ficção.
Não basta ser rápido, tem que ser simples. O mais simples possível. Esqueça os menus suspensos, listas intermináveis de códigos de transação e sistemas de configurações complexos. O software precisar pensar nas necessidades de utilização do dia a dia, trazendo as informações de maneira simples, mas completa. Tudo na tela do dispositivo, que não precisa mais ser um computador ou notebook, pode ser um tablet ou smartphone. Mas por que isso? Temos soluções robustas e confiáveis que atendem ao setor faz décadas, por que mudar agora? O que se ganha?
A resposta é simples: ganha-se tempo, e tempo é dinheiro. Facebook, Google, Microsoft e outras gigantes gastam milhares de horas apenas assistindo como os usuários utilizam seus produtos. E isso é útil, e muito. Isto permite fazer ajustes nas interações para que o usuário consiga realizar suas tarefas mais rapidamente e com poucas dúvidas sobre como fazer determinada ação dentro do sistema. É por isso que você provavelmente nunca leu o manual do Facebook e mesmo assim o usa todos os dias. Esta realidade precisa chegar ao mundo de aplicativos corporativos de gestão e às outras soluções de processos de negócio.
Gigantes como a SAP e a Oracle estão investindo pesado em User Experience para melhorar seus produtos. As desenvolvedoras de soluções fiscais – que nada mais são do que respostas a um problema brasileiro – devem adotar este mesmo tipo de filosofia para não ficarem para trás. Se o usuário sabe como as obrigações funcionam, então aprender a usar a solução fiscal deverá ser simples e sua utilização será orgânica. Isto economiza muitas horas de treinamento e suporte aos usuários. Este ganho na usabilidade, aliado à velocidade que as novas tecnologias (database in-memory, parallel computing, etc.) proveem, permite aos usuários executarem suas tarefas em menos tempo, o que gera ainda mais economia.
Fonte: Convergência Digital – 02/12/2016.